Microbiota intestinal: importância, influências dietéticas e comportamentais

Autores

  • Felipe Guimarães Tomazini da Silva Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB, São Paulo, Brasil
  • Helena Volpini Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB, São Paulo, Brasil
  • Marcela Viscovini Gomes da Silva Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB, São Paulo, Brasil
  • Mariana Olimpio dos Santos Remiro Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB, São Paulo, Brasil
  • Giovana Cavalheiro Lima Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB, São Paulo, Brasil
  • Adriana Paula Sanchez Schiaveto Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB, São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.59255/mmed.2025117

Palavras-chave:

microbiota intestinal, disbiose, dieta saudável, probióticos, exercícios

Resumo

A microbiota intestinal configura-se como um ecossistema dinâmico, fundamental para a homeostase imunológica, metabólica e neurológica. Evidências científicas têm demonstrado que alterações em sua composição, caracterizadas como disbiose, estão associadas ao desenvolvimento e à progressão de doenças autoimunes, metabólicas, inflamatórias e neurológicas. O presente trabalho teve por objetivo revisar os principais benefícios conferidos pela microbiota intestinal, os fatores determinantes de sua constituição e as implicações clínicas decorrentes de seu desequilíbrio. Para isso, foram realizados levantamentos bibliográficos em bases de dados eletrônicas de ciências da saúde, incluindo PubMed, SciELO e LILACS por meio de palavras chaves relacionadas ao tema, como: Microbiota intestinal, Disbiose, Dieta, Exercício físico e Probióticos. Foi encontrado que entre as ações benéficas da microbiota intestinal, destacam-se a produção de ácidos graxos de cadeia curta, a síntese de neurotransmissores, a modulação da barreira intestinal e a regulação da resposta imune. Aspectos dietéticos emergem como moduladores centrais, sendo que padrões alimentares ricos em fibras, prebióticos e polifenóis favorecem espécies benéficas, ao passo que dietas ricas em ultraprocessados e gorduras saturadas promovem disbiose. Além disso, fármacos amplamente utilizados, como antibióticos, inibidores da bomba de prótons e antipsicóticos, demonstram impacto significativo na diversidade e na funcionalidade microbiana. A prática regular de atividade física de intensidade moderada associa-se ao aumento da diversidade bacteriana e à maior produção de metabólitos protetores, embora a magnitude dos efeitos varie entre indivíduos. A literatura também associa a disbiose a condições como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal, esclerose múltipla, diabetes tipo 1, doenças cardiovasculares e distúrbios neuropsiquiátricos. Assim, a preservação da saúde intestinal depende de uma integração entre hábitos alimentares adequados, uso racional de fármacos e prática regular de exercícios físicos, constituindo-se em estratégia relevante para a prevenção e o manejo de doenças.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Manos J. The human microbiome in disease and pathology. APMIS. dezembro de 2022;130(12):690–705.

Gomaa EZ. Human gut microbiota/microbiome in health and diseases: a review. Antonie Van Leeuwenhoek. dezembro de 2020;113(12):2019–40.

Schächtle MA, Rosshart SP. The Microbiota-Gut-Brain Axis in Health and Disease and Its Implications for Translational Research. Front Cell Neurosci. 2021;15:698172.

Berg G, Rybakova D, Fischer D, Cernava T, Vergès MCC, Charles T, et al. Microbiome definition re-visited: old concepts and new challenges. Microbiome. 30 de junho de 2020;8(1):103.

Aggarwal N, Kitano S, Puah GRY, Kittelmann S, Hwang IY, Chang MW. Microbiome and Human Health: Current Understanding, Engineering, and Enabling Technologies. Chem Rev. 11 de janeiro de 2023;123(1):31–72.

Lee HJ, Kim M. Skin Barrier Function and the Microbiome. Int J Mol Sci. 28 de outubro de 2022;23(21):13071.

Baker JL, Mark Welch JL, Kauffman KM, McLean JS, He X. The oral microbiome: diversity, biogeography and human health. Nat Rev Microbiol. fevereiro de 2024;22(2):89–104.

Kuziel GA, Rakoff-Nahoum S. The gut microbiome. Curr Biol. 28 de março de 2022;32(6):R257–64.

Lipinksi JH, Ranjan P, Dickson RP, O’Dwyer DN. The Lung Microbiome. J Immunol. 15 de abril de 2024;212(8):1269–75.

Aragón IM, Herrera-Imbroda B, Queipo-Ortuño MI, Castillo E, Del Moral JSG, Gómez-Millán J, et al. The Urinary Tract Microbiome in Health and Disease. Eur Urol Focus. janeiro de 2018;4(1):128–38.

Buchta V. Vaginal microbiome. Ceska Gynekol. 2018;83(5):371–9.

Fassarella M, Blaak EE, Penders J, Nauta A, Smidt H, Zoetendal EG. Gut microbiome stability and resilience: elucidating the response to perturbations in order to modulate gut health. Gut. março de 2021;70(3):595–605.

Portincasa P, Bonfrate L, Vacca M, De Angelis M, Farella I, Lanza E, et al. Gut Microbiota and Short Chain Fatty Acids: Implications in Glucose Homeostasis. Int J Mol Sci. 20 de janeiro de 2022;23(3):1105.

Gebrayel P, Nicco C, Al Khodor S, Bilinski J, Caselli E, Comelli EM, et al. Microbiota medicine: towards clinical revolution. J Transl Med. 7 de março de 2022;20(1):111.

Sampson TR, Mazmanian SK. Control of brain development, function, and behavior by the microbiome. Cell Host Microbe. 13 de maio de 2015;17(5):565–76.

Wall R, Cryan JF, Ross RP, Fitzgerald GF, Dinan TG, Stanton C. Bacterial neuroactive compounds produced by psychobiotics. Adv Exp Med Biol. 2014;817:221–39.

Selkrig J, Wong P, Zhang X, Pettersson S. Metabolic tinkering by the gut microbiome: Implications for brain development and function. Gut Microbes. 2014;5(3):369–80.

Xie X, Huang C. Role of the gut-muscle axis in mitochondrial function of ageing muscle under different exercise modes. Ageing Res Rev. julho de 2024;98:102316.

Rinninella E, Raoul P, Cintoni M, Franceschi F, Miggiano GAD, Gasbarrini A, et al. What is the Healthy Gut Microbiota Composition? A Changing Ecosystem across Age, Environment, Diet, and Diseases. Microorganisms. 10 de janeiro de 2019;7(1):14.

Health-Improving Effects of Polyphenols on the Human Intestinal Microbiota: A Review [Internet]. [citado 28 de setembro de 2025]. Disponível em: https://www.mdpi.com/1422-0067/26/3/1335

Stewart CJ, Ajami NJ, O’Brien JL, Hutchinson DS, Smith DP, Wong MC, et al. Temporal development of the gut microbiome in early childhood from the TEDDY study. Nature. outubro de 2018;562(7728):583–8.

Catassi G, Aloi M, Giorgio V, Gasbarrini A, Cammarota G, Ianiro G. The Role of Diet and Nutritional Interventions for the Infant Gut Microbiome. Nutrients. 30 de janeiro de 2024;16(3):400.

Laursen MF, Zachariassen G, Bahl MI, Bergström A, Høst A, Michaelsen KF, et al. Having older siblings is associated with gut microbiota development during early childhood. BMC Microbiol. 1o de agosto de 2015;15:154.

Koletzko B, von Kries R, Closa R, Escribano J, Scaglioni S, Giovannini M, et al. Lower protein in infant formula is associated with lower weight up to age 2 y: a randomized clinical trial. Am J Clin Nutr. junho de 2009;89(6):1836–45.

Kemp KM, Orihuela CA, Morrow CD, Judd SE, Evans RR, Mrug S. Associations between dietary habits, socio-demographics and gut microbial composition in adolescents. Br J Nutr. 14 de março de 2024;131(5):809–20.

Maier L, Pruteanu M, Kuhn M, Zeller G, Telzerow A, Anderson EE, et al. Extensive impact of non-antibiotic drugs on human gut bacteria. Nature. 29 de março de 2018;555(7698):623–8.

Tanimaru AN, Mendes AB, Mello DSF de, Mendes FG, Carvalho C de F. Inibidores da bomba de prótons e sua relação com a microbiota gastrointestinal: O benefício compensa o risco? Revista de Medicina. 24 de junho de 2024;103(3):e-210046.

Dethlefsen L, Relman DA. Incomplete recovery and individualized responses of the human distal gut microbiota to repeated antibiotic perturbation. Proc Natl Acad Sci U S A. 15 de março de 2011;108 Suppl 1(Suppl 1):4554–61.

Ferrer M, Méndez-García C, Rojo D, Barbas C, Moya A. Antibiotic use and microbiome function. Biochemical Pharmacology. 15 de junho de 2017;134:114–26.

Paray BA, Albeshr MF, Jan AT, Rather IA. Leaky Gut and Autoimmunity: An Intricate Balance in Individuals Health and the Diseased State. Int J Mol Sci. 21 de dezembro de 2020;21(24):9770.

Dziewiecka H, Buttar HS, Kasperska A, Ostapiuk–Karolczuk J, Domagalska M, Cichoń J, et al. Physical activity induced alterations of gut microbiota in humans: a systematic review. BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation. 7 de julho de 2022;14(1):122.

Allen JM, Mailing LJ, Niemiro GM, Moore R, Cook MD, White BA, et al. Exercise Alters Gut Microbiota Composition and Function in Lean and Obese Humans. Medicine & Science in Sports & Exercise. abril de 2018;50(4):747.

Varghese S, Rao S, Khattak A, Zamir F, Chaari A. Physical Exercise and the Gut Microbiome: A Bidirectional Relationship Influencing Health and Performance. Nutrients. 28 de outubro de 2024;16(21):3663.

Dorelli B, Gallè F, De Vito C, Duranti G, Iachini M, Zaccarin M, et al. Can Physical Activity Influence Human Gut Microbiota Composition Independently of Diet? A Systematic Review. Nutrients. 31 de maio de 2021;13(6):1890.

Ortiz-Alvarez L, Xu H, Martinez-Tellez B. Influence of Exercise on the Human Gut Microbiota of Healthy Adults: A Systematic Review. Clin Transl Gastroenterol. fevereiro de 2020;11(2):e00126.

Dominguez-Bello MG, Costello EK, Contreras M, Magris M, Hidalgo G, Fierer N, et al. Delivery mode shapes the acquisition and structure of the initial microbiota across multiple body habitats in newborns. Proc Natl Acad Sci U S A. 29 de junho de 2010;107(26):11971–5.

Peláez JPM, Garate BPO, Aguinsaca KFP, Peláez JPM, Garate BPO, Aguinsaca KFP. Relación de la microbiota intestinal con enfermedades autoinmunes. Vive Revista de Salud. abril de 2023;6(16):142–53.

Mena Miranda VR. Alteraciones de la microbiota digestiva y su relación con las enfermedades cardiovasculares. Revista Cubana de Pediatría [Internet]. 2024 [citado 28 de setembro de 2025];96. Disponível em: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0034-75312024000100008&lng=es&nrm=iso&tlng=es

Downloads

Publicado

2025-12-05

Como Citar

Guimarães Tomazini da Silva, F., Volpini, H., Viscovini Gomes da Silva, M., Olimpio dos Santos Remiro, M., Cavalheiro Lima, G., & Schiaveto, A. P. S. (2025). Microbiota intestinal: importância, influências dietéticas e comportamentais. Manuscripta Medica, 8, 49–57. https://doi.org/10.59255/mmed.2025117

Edição

Seção

Artigos de Revisão

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.