Análise clínica e epidemiológica de crianças e adolescentes com cetoacidose diabética admitidos em hospital de referência do interior do estado de São Paulo

Resumo

Introdução: A cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação aguda que ocorre em pacientes diabéticos. Objetivo: Analisar o perfil clínico e epidemiológico de crianças e adolescentes admitidas com CAD em um hospital de referência regional. Material e Métodos: Estudo transversal a partir da análise de prontuários de pacientes pediátricos encaminhados para avaliação devido hiperglicemia entre 2019-2024. Considerou-se CAD a presença de hiperglicemia (≥200mg/dl), cetonemia (≥3mmol/L) e/ou cetonúria moderada (≥+2) e acidose metabólica (bicabornato <18mmol/L e/ou pH venoso <7,3). Resultados: Foram avaliadas 49 internações por hiperglicemia e identificadas 31 (63%) CAD. A maioria era do sexo feminino (59%), púbere (58%) e foi classificada como grave (n=18, 58%) devido primo-descompensação (70%, n=19) e quadro infeccioso associado (51%, n=16). Os sintomas mais referidos foram poliúria (74,2%) e polidipsia (71%). O tempo médio entre a percepção dos sintomas e o diagnóstico foi de 10 dias. Não houve correlação estatística em relação a gravidade e sexo, idade, estadio puberal ou local de moradia (urbano/rural). Pacientes em puberdade e moradores de meio rural tiveram maior taxa recorrência (P= 0,039 e P= 0,046, respectivamente). O menor tempo para o diagnóstico e a maior ocorrência de complicações esteve associada a presença de infecções (P=0,009 e P=0,03). Conclusão: Os pacientes com CAD se caracterizaram por ser do sexo feminino e púberes. A maioria foi diagnosticada com CAD grave e apresentou como sintomas poliúria e polidipsia. Pacientes em puberdade, moradores de ambiente rural e em vigência de infecção tiveram maior predisposição para recorrência e/ou maior gravidade da CAD.