A vivência da finitude para a (re)significação da morte na formação médica
DOI:
https://doi.org/10.59255/mmed.2025113Palavras-chave:
aprendizado baseado na experiência, atitude frente à morte, cuidado humanizado, cuidados paliativos, educação médicaResumo
Este relato de experiência descreve a implementação de uma atividade curricular no segundo ano do curso de Medicina de faculdade privada, no interior de São Paulo, com o objetivo de proporcionar aos estudantes a reflexão sobre os sentidos da morte e do morrer. Fundamentada em abordagens socioantropológicas, filosóficas e bioéticas, a vivência buscou romper com o tabu da morte vista como fracasso, promovendo uma aproximação precoce e ética dos estudantes a situações reais em cuidados paliativos, além de outros contextos, de um complexo hospitalar de tratamento de câncer. A metodologia incluiu preparação teórica, observação em pequenos grupos em diferentes cenários hospitalares e sessões de reflexão mediadas por profissionais da saúde e docentes, permitindo o processamento das complexas dimensões subjetivas da finitude, das narrativas de adoecimento e da experiência do cuidado. A experiência evidenciou a importância de superar a visão biomédica tradicional, humanizando a formação médica e fortalecendo a compreensão da morte como um aspecto indispensável à prática clínica integral. Também apontou para a necessidade de espaços pedagógicos que sistematicamente integrem teoria e prática sobre a terminalidade, incluindo perguntas norteadoras para reflexão e, assim, promovendo uma ruptura com a blindagem emocional e a ilusão de onipotência frequentemente cultivadas no ambiente médico. Ao ser exposto à vulnerabilidade radical do outro, o estudante é convidado a reconhecer sua própria fragilidade, desenvolvendo a compaixão.
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